quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Adeus às Armas (A Farewell to Arms) - Ernest Hemingway



Depois que comecei com o blog de livros, percebi mais intensamente o quão distante estou de ter lido aqueles "livros edificantes", os clássicos mesmo. Um pouco por preguiça (até porque o primeiro contato que em geral temos com a literatura - os clássicos da língua portuguesa na escola - desculpem-me os amigos, é um saco), e um pouco pelo fluxo constante de novos livros para serem lidos e o tempo que isso toma, dentro de uma vida já com pouco tempo livre.

A partir de um livro sugerido por uma recém-chegada leitora do blog (sim, é impressionante, mas de fato há algumas pessoas lendo isso aqui), fui à seção de literatura estrangeira da livraria, e ao perceber o quanto estou atrás, acabei fazendo "a feira", comprando muito mais do que tinha previsto. Adeus às Armas é o primeiro dessa leva que terminei, e o primeiro sobre o qual escrevo.

Sempre ouvi falar do quanto a escrita de Hemingway é fantástica. Seu livro mais famoso é O Velho e o Mar, mas Adeus às Armas e Por Quem os Sinos Dobram também são conhecidos, tendo sido inclusive adaptados para o cinema. Adeus às Armas é considerado um livro semi-autobiográfico, contando a história de Frederick Henry, um americano que serve no exército italiano na Primeira Guerra Mundial como motorista de ambulâncias. Ao ser ferido em um ataque, conhece a enfermeira inglesa Catherine Barkley, se apaixonam, e tentam fugir da guerra para viver seu amor.



Hemingway também serviu na guerra, tendo passado por situação semelhante (com a diferença que sua enfermeira o rejeitou). Com isso, suas descrições e as situações por que Henry passa no front soam bastante realistas. O estilo de escrita de Hemingway também contribui muito para o livro, sendo seco, direto, com poucas descrições enfadonhas ou inúteis e com diálogos impressionantemente bem escritos, mostrando as situações e opiniões das personagens muito facilmente. O livro é narrado por Henry, e portanto as emoções dos outros personagens são mostradas dessa maneira indireta, com muito sucesso.

No entanto, não sei se como vingança por sua história pessoal (ou apenas por uma diferença de época - lembremos que o livro se passa na década de 1910), a personagem da enfermeira é absolutamente insuportável. Para mim, pelo menos, soou como se Henry estivesse se apaixonando não diretamente por ela, mas pela vida sem guerra que ela potencialmente personificava, ainda mais depois de ter sido ferido. Mesmo assim, não consegui acreditar 100% no romance entre os dois. O final também me decepcionou um pouco, apesar de ter alguns dos diálogos mais belos do livro, acho que esperava algo diferente, embora passe uma mensagem forte (não vou me alongar aqui).

Com tudo isso, gostei do livro. Especialmente pela bela escrita de Hemingway e pela oportunidade (que adoro em cada livro ou filme clássico que leio/vejo) de ver o mundo sob uma ótica que não estou acostumado. E nada como fazer isso com um grande escritor a me guiar.

Avaliação: **** (4/5)

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